O BNDES voltou. Mais verde, inclusivo e democrático.

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No palco, a cantora Teresa Cristina entoava o Hino Nacional acompanhada pela violonista Samara Líbano. Na primeira fila da plateia, de frente à mesa central, Chico Buarque ouvia atento a música e os discursos de Mercadante, Alckmin e Lula, que se seguiram nessa ordem. O BNDES voltou.

Os artistas estavam ali não unicamente para prestigiar a posse de Aloizio Mercadante no comando do BNDES. Suas presenças prenunciavam a retomada do banco como indutor do desenvolvimento econômico e social, onde a cultura, a arte e o meio ambiente terão prometido lugar de destaque.

Os 384 assentos do Teatro BNDES foram disputados por autoridades de governo, parlamentares, representantes de entidades de classe, juristas, dirigentes de partidos, empresários, executivos de empresas, membros da academia, jornalistas, empregados do banco… Todos testemunhas de que o BNDES voltou. E voltou com garra, depois do longo jejum de quatro anos de governo Bolsonaro, que acelerou o processo de esvaziamento do banco iniciado antes por Temer.

Esse tempo acabou, ficou para trás. Mercadante assegurou que o Brasil voltará a ser uma grande liderança ambiental e mundial. Prometeu uma agenda de apoio à economia verde e digital. Um BNDES inclusivo, democrático, comprometido com os princípios de governança ambiental, social e corporativa.  A preservação da Amazônia e outros biomas ganhou prioridade, rompendo com o descaso do governo passado.

O BNDES voltou mais verde

Esta agenda marca de imediato a retomada do Fundo Amazônia, criado em 2008, no governo Lula, e implementado com grande êxito por Luciano Coutinho, então presidente do BNDES. O Fundo Amazônia, que capta doações para projetos de preservação e fiscalização do bioma, tem cerca de R$ 2,9 bilhões parados desde 2019, quando suas atividades foram banidas pela administração anterior.

De lá para cá, o desmatamento e a degradação florestal na região amazônica aumentaram exponencialmente, em flagrante crime contra a política ambiental e a vida.

Revigorado, o BNDES retoma agora atuação firme em projetos de sustentabilidade. Já tem assegurado novos aportes financeiros para o fundo, via doações renovadas. Nessa empreitada, o banco contará com o apoio da ex-ministra do meio ambiente Izabella Teixeira e do engenheiro Carlos Nobre, cientista especializado em mudanças climáticas, que farão parte do conselho de administração do banco.

A composição da diretoria do BNDES também reforça a preocupação com o tema, ao ter entre seus pares Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Entre 2002 e 2011, ela esteve à frente de projetos para o desenvolvimento, como o Plano Nacional de Mudanças Climáticas.

O novo presidente do banco de desenvolvimento brasileiro entende que o planeta não tem chance de sobreviver e de prosperar se o sistema econômico e financeiro não mudar radicalmente para enfrentar a emergência climática e social. “Precisamos enterrar de vez o obtuso negacionismo climático que nos tornou o grande vilão ambiental do planeta”, diz ele.

Nesse novo capítulo de sua história, o BNDES quer apoiar a transição justa para a economia de baixo carbono, com empregos verdes e de baixa emissão. Quer também promover a inclusão produtiva e a reurbanização inteligente, visando construir as cidades do futuro.

A reativação do Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES, seguirá três diretrizes fundamentais:

  • Reconstruir as condições para enfrentar o desmatamento através das operações de comando e controle; 
  • Viabilizar projetos estruturais para o desenvolvimento sustentável e manutenção da floresta em pé, protegendo e atendendo de forma emergencial os mais vulneráveis, especialmente os Yanomami; 
  • Desenvolver a infraestrutura, a indústria limpa e a pesquisa científica, gerando oportunidades de emprego e renda para 28 milhões de habitantes da região

Outro desafio será a reindustrialização, focada no apoio da nova indústria: digital, descarbonizada, baseada em circularidade, intensiva em conhecimento e que exigirá inovação e investimentos na pesquisa aplicada.

O BNDES voltou mais inclusivo

Nos seus 70 anos de existência, o BNDES inicia em 2023 uma nova trajetória, comprometida também com a construção de políticas afirmativas dentro e fora do banco. Mercadante prometeu enfrentar ‘chagas históricas’ do país, incentivando a implementação de medidas contra o racismo e de equidade de gênero.

A própria formação da nova diretoria do BNDES vai na direção da diversidade de gênero, com a condução de três mulheres, sendo uma delas, Helena Tenório, funcionária de carreira do banco.

“Seremos promotores de uma sociedade mais justa e inclusiva por meio das nossas linhas de crédito e das ações de fomento que empoderem economicamente os negros e negras deste país’, afirmou.

Está nos seus planos de trabalho a criação de um programa de estágio para negros e a retomada de concursos públicos, de acordo com a política de cotas.

Mercadante quer que mulheres e negros façam parte da história do BNDES. E anunciou a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, como coordenadora do museu sobre a história da escravidão no Brasil, que será financiado pela instituição.

O BNDES voltou mais democrático

Na nova gestão, o banco reacende o vigor de seus princípios democráticos.  “O BNDES foi construído por servidores desenvolvimentistas, como Ignácio Rangel e Celso Furtado, e por liberais, como Roberto Campos. Essa dialética entre diferentes pensamentos, feita de modo civilizado e qualificado, contribuiu muito para o sucesso do BNDES”, ressaltou.

O respeito aos empregados dá o tom dos tempos atuais. Mercadante fez referência a situações de “extrema injustiça”, como a abusiva condução coercitiva de vários funcionários da Casa, em 2017.

Garantiu que enquanto estiver à frente do banco não haverá perseguição a pessoas, nem censura ao debate. “Queremos uma equipe de pensadores em um ambiente de liberdade”.

Em seguida, assegurou que Arthur Koblitz, presidente da Associação de Funcionários do BNDES, não precisará mais brigar na justiça para exercer o seu legítimo direito de ocupar o seu assento no conselho de administração, para o qual foi eleito por 74% dos empregados. E comunicou que haverá diálogo permanente entre as partes.

A paz voltou a reinar na Avenida Chile, 100.

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