Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio despontam como favoritos ao título de edição mais sustentável do maior evento esportivo do planeta. Com um ano de atraso em razão da pandemia da COVID-19, as competições deste ano acontecem em um contexto de amplo engajamento, que vai desde a organização até os atletas, de forma um tanto inédita na história dos Jogos. Embora sem público, todos os olhos do mundo estão voltados para a capital japonesa.
Ainda como parte dos preparativos, a prefeitura de Tóquio publicou um documento baseado no lema “Sejamos melhores juntos: para o planeta e as pessoas”, que inclui propostas de soluções aos maiores desafios globais, com base nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Nesse sentido, cabe observar que a Agenda 2030 da ONU, estabelecida em 2015, especifica que “o esporte também é um importante facilitador do desenvolvimento sustentável”.
A capital do Japão adotou critérios de sustentabilidade para compras, programa de compensação de carbono, pódio à base de plástico reciclado – em parceria com as empresas Procter & Gamble e TerraCycle –, e medalhas feitas com metais reaproveitados do lixo eletrônico, entre outras. Nesse contexto, os japoneses também precisam gerenciar os efeitos das mudanças climáticas, que elevaram os termômetros a até 44⁰C esta semana.
5 destaques sustentáveis dos Jogos de Tóquio
- Durante dois anos, o Japão recolheu 79 mil toneladas de aparelhos eletrônicos reutilizados, como câmeras, videogames e computadores, assim como mais de 6 milhões de celulares, laptops e câmeras digitais doados pela população.
- Desse material recolhido, foram retiradas 32 toneladas de ouro, 3,5 quilos de prata e 2,2 quilos de bronze, suficiente para a confecção das 5 mil medalhas que serão entregues.
- A tocha olímpica, inspirada no desenho da flor de cerejeira, é feita de alumínio reciclado, retirado dos alojamentos temporários que abrigaram as vítimas do terremoto e tsunami de 2011.
- Os pódios são feitos de plásticos retirados do mar e de residências japonesas.
- As camas dos atletas hospedados na Vila Olímpica são feitas de papelão, que será reciclado após o evento.
Diversidade e inclusão de proporções olímpicas
Os Jogos de Tóquio estão carregados de significado. Não há na história dos 125 anos do evento uma edição tão marcante quanto a de Tóquio 2021. Nesse cenário, há um número considerável de atletas que entenderam que podem ir além do esporte e protagonizar agendas de mudanças, entre elas, a da diversidade e da inclusão.
Na seleção brasileira, a atacante Marta, a melhor do mundo, homenageou a noiva Toni Pressley ao celebrar um gol marcado contra a China na vitória por 5 a 0. Um dia antes, o Grupo Latam havia anunciado a jogadora como sua Líder Global de Diversidade e Inclusão. Marta, que está em Tóquio sem patrocínio de marca esportiva, está usando chuteiras com símbolo do movimento Go Equal, que busca a equidade de gêneros no futebol.
Como animais políticos, todos podemos gerar transformações em diferentes medidas. Houve pressão sobre o Comitê Olímpico Internacional (COI), que cedeu com algumas alterações nas normas sobre posicionamento político durante o evento. As manifestações foram liberadas em entrevistas, reuniões, redes sociais e antes do início das competições, mas ainda não nos momentos de entrega de medalhas, execução de hinos nacionais e Cerimônias de Abertura e Encerramento.
Luta contra o racismo
Já nas partidas da primeira rodada do futebol feminino, as seleções de feminino do Chile, EUA, Grã-Bretanha, Nova Zelândia e Suécia se ajoelharam em protesto antirracista. O gesto é uma continuidade da luta contra o racismo demonstrada ao longo da história dos Jogos.
Em 1936, em Berlim Jesse Owens, um norte-americano negro, conquistou quatro medalhas e calou o regime nazista de Adolf Hitler. Em 1968, na Cidade do México, os norte-americanos negros Tommie Smith e John Carlos subiram ao pódio para receber o ouro e o bronze dos 200 metros rasos. Na execução do hino, cerraram os punhos e levantaram os braços, em alusão aos direitos civis dos negros.
A bandeira antirracista permanece, mas juntam-se a elas outras de luta por igualdade e respeito à diversidade. Ainda são poucas as vozes, mas poderosas e com um alcance global no cenário olímpico.